terça-feira, 7 de abril de 2009
Poema das Árvores
As árvores crescem sós.
E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a poucose levantam do chão,
se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos,
e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas,
e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas,
vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores,
e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós,
a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem,
sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se,
trespassam-se,fazem amor e ódio,
e vão à vida como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram,
não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós,
sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.
António Gedeão
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Um comentário:
Está tudo tão leve aqui,
em seu reino, Príncipe!
Essa foto das árvores, esse poema
somado as outros poemas, palavras verdes,
florais, perfumadas.
Escreva sempre, Leozinho,
sempre!
*
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