Esta a moral que Mermoz* e tantos outros me ensinaram. A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo unir os homens; só há um luxo verdadeiro, o das relações humanas.
Trabalhando só pelos bens matérias construímos nós mesmos nossa prisão. Encerramo-nos lá dentro, solitários, com nossa moeda de cinza que não pode ser trocada por coisa alguma que valha a pena viver.
Se procuro entre minhas lembranças as que me deixaram um gosto durável, se faço o balanço das horas que valeram a pena, certamente só encontro aquelas que nenhuma fortuna do mundo teria me presenteado. Não se compra a amizade de um Mermoz, de um companheiro a quem estamos ligados para sempre pelas provas sofridas juntos.
Esta noite de vôo e suas cem mil estrelas, esta serenidade, esta soberania de algumas horas, o dinheiro não compra.
Esta face nova do mundo depois de uma etapa difícil, estas arvores, estas flores, estas mulheres, estes sorrisos docemente coloridos pela vida a que regressamos de madrugada, este mundo de pequenas coisas que nos recompensam, o dinheiro não compra.
(Saint Exupéry)
* Jean Mermoz: Companheiro de Exupéry, foi o criador da aviação postal transoceânica na França, realizou a primeira viagem, levando os primeiros volumes de correspondência - 130 quilos - para a América do Sul. Partiu de Saint-Louis no dia 12 de Maio de 1930 num monomotor Laté 28 com flutuadores e pousou em Natal 21 horas depois. Quando terminou seus estudos, ingressou na aviação como piloto de linha. Foi o primeiro a cruzar nos dois sentidos o Atlântico Sul em 1933, utilizando-se do trimotor "Arc-en-Ciel". Enfim, depois de doze anos de trabalho, sobrevoando mais uma vez o atlântico sul, disse, numa rápida mensagem, que o motor da direita estava falhando. Depois, silêncio.
2 comentários:
Bravo!!!
Pois é, Leo, e tanta gente considera Saint Exupéry um tolo simplista, e o Pequeno Príncipe literatura para pré-adolescente ou para miss Brasil... A verdade é uma só: o mais importante é o mais simples!
Dá uma lida em Ver & Enxergar, dedico a ti.
Abraço, amigo.
Muito show, Leo!
Concordo com a Renata, falando sobre o autor, mas se tratando do livro eu não sei.
Nunca ouvi falar mal do livro, incrível srsrsrs.
Sempre me falaram muito bem, bem mesmo.
Beijos. Vale a pena ler o texto da Renata, está fantástico, não muito diferente do normal rs.
Aquele beijo.
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