O trecho citado é do famoso poeta português, o ortônimo Fernando Pessoa, conhecido universalmente, sendo diversas vezes comparado com Camões pela grandiosidade da sua poesia. Para quem não sabe, Pessoa tem vários heterônimos, alguns completos e outros menos relevantes, chamados, portanto, de semi-heterônimos, como Bernardo Soares, autor de "O livro do Desassossego”. O heterônimo diferencia-se do pseudônimo, pois este é uma máscara na qual o poeta esconde-se, o heterônimo atribui características individuais desvinculadas do ortônimo, que é a pessoa em si mesma ao escrever. Pessoa por Pessoa. Simbolizado pelo incógnito revestimento do fingir de una persona. Por ter sido educado na África do Sul, aprendeu fluentemente o inglês, logo, foi através da língua britânica que exprimiu sua arte literária até hoje estudada devido à criatividade poética emanada de seus mistérios interiores. Em vida deixou apenas um livro escrito no idioma português, à belíssima epopeia intitulada "Mensagem" de cunho nacionalista dedicada â Portugal, e, sobretudo à D. Sebastião, rei desaparecido durante uma batalha contra o litoral marroquino durante o século XVI, que mais tarde facilitou o domínio espanhol em terras lusitanas. O cultuamento patriótico presente em Fernando Pessoa é contextualizado entre os meandros da crise política pós-monarquia advinda da Proclamação da República, em 1910, esta não conseguindo firmar-se internamente, garantindo o declínio do país. Mundialmente, quatro anos depois, precisamente, culminou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) seguida da Revolução Russa em 1917, o que amedrontou Portugal, pois durante a guerra poderiam perder para as grandes potências europeias o que conseguiram séculos antes com as expansões ultramarinas, ou seja, as colônias africanas. Esta situação histórica corroborou, consequentemente para a atual conjuntura das imagens artísticas surgidas no começo do século XX: O Modernismo e suas vanguardas.
Tendo como ponto de partida a revista Orpheu comandada pelo poeta aqui estudado e seu amigo Mário de Sá Carneiro, o Modernismo difundiu-se, ampliando-se por meio de diversos recursos expressivos e inovadores. Porém, Fernando Pessoa não designou-se apenas um escritor modernista, desmembrando-se também na vertente tradicional, que coexiste com as máximas imprimidas pelo modernismo, dentro do universo literário do autor de ideais monárquicos e conservadores. Um anticomunista social. Um comunista das Letras ao escrever em medida velha sua desventura saudosista, não obstante experimentar em outras obras ortônimas o caráter simbolista, a criação do Paulismo e o Interseccionismo. Um homem despersonalizado em sua poeticidade, que se camufla tão bem em seus heterônimos fingidos, quase os tornando reais, que ao lê-los pensamos ser verdade as palavras moldadas pelo sensorial. Uma resposta talvez habitada somente por debaixo dos véus de sentimentos ocultistas. Camoniano, em sua epopéia cantante à bravura portuguesa, realça o passado de grandes glórias navegadas, alcançadas através de caravelas dominantes perante mares bravios de míticos monstros aquáticos. Por este viés, com muita angústia e infelicidade, no último canto do livro chamado "O Encoberto", o eu-lírico relembra o sebastianismo inacessível à nação portuguesa, que outrora tanto louvor ofereceu para o solo lusitano em meio à Grandes Navegações e conquistas grandiosas. Abre os olhos e raciocina. Coloca-se no presente desligado dos reis épicos, e tão logo, percebe a ruína que faz Portugal escorregar fluidamente, maculando o brasão intocável e veemente. Os inimigos agora são outros. Não mordem apenas pelo mar, mas também por todos os céus e ares. São mordidas internas que sangram a dignidade de um país. Se o céu é mesmo espelhado no mar, como assim Deus fez, refugiaram-se para além dos perigos e abismos humanos, nos profundos extremos onde nenhuma experiência científica rastreia a pureza dos mundos desconhecidos, a fim de arrancar-lhes a unidade feita de alma. A unidade interseccionista que Pessoa tanto buscou, e com frustração não encontrou. Mas ele bem sabia que respostas vindas do inteligível não são permitidas ao raciocínio limitado e sensível.
Todo o conjunto é lindo por aqui, imagem e poema flutuando juntos neste mar banhado de céu.Nessas horas consigo encontrar, de olhos fechados, o divino que há em nós, bem lá no fundo dos nossos mares.
Pessoa, sempre esplêndido nas suas criações, e você meu querido, mais uma vez brilhante na criatividade da escolha.
"...Mas eu, sendo pobre, tenho somente os meus sonhos;
Eu espalhei os meus sonhos debaixo dos teus pés;
Pisa com cuidado porque pisas os meus sonhos."
W. B. Yeats
Este blog não segue nenhum padrão, você vai encontrar textos alegres e tristes, poesias completas ou não, textos grandes ou apenas frases. Enjoy!
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e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.
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Mirthes mathias
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E para calar essa melancolia...
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No varal do dia.
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Matisse
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Amor é um elo
Entre o azul
E o amarelo
P. Leminski
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A bola que lancei quando brincava no parque ainda não tocou o chão.
23 comentários:
O trecho citado é do famoso poeta português, o ortônimo Fernando Pessoa, conhecido universalmente, sendo diversas vezes comparado com Camões pela grandiosidade da sua poesia. Para quem não sabe, Pessoa tem vários heterônimos, alguns completos e outros menos relevantes, chamados, portanto, de semi-heterônimos, como Bernardo Soares, autor de "O livro do Desassossego”. O heterônimo diferencia-se do pseudônimo, pois este é uma máscara na qual o poeta esconde-se, o heterônimo atribui características individuais desvinculadas do ortônimo, que é a pessoa em si mesma ao escrever. Pessoa por Pessoa. Simbolizado pelo incógnito revestimento do fingir de una persona.
Por ter sido educado na África do Sul, aprendeu fluentemente o inglês, logo, foi através da língua britânica que exprimiu sua arte literária até hoje estudada devido à criatividade poética emanada de seus mistérios interiores. Em vida deixou apenas um livro escrito no idioma português, à belíssima epopeia intitulada "Mensagem" de cunho nacionalista dedicada â Portugal, e, sobretudo à D. Sebastião, rei desaparecido durante uma batalha contra o litoral marroquino durante o século XVI, que mais tarde facilitou o domínio espanhol em terras lusitanas.
O cultuamento patriótico presente em Fernando Pessoa é contextualizado entre os meandros da crise política pós-monarquia advinda da Proclamação da República, em 1910, esta não conseguindo firmar-se internamente, garantindo o declínio do país. Mundialmente, quatro anos depois, precisamente, culminou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) seguida da Revolução Russa em 1917, o que amedrontou Portugal, pois durante a guerra poderiam perder para as grandes potências europeias o que conseguiram séculos antes com as expansões ultramarinas, ou seja, as colônias africanas. Esta situação histórica corroborou, consequentemente para a atual conjuntura das imagens artísticas surgidas no começo do século XX: O Modernismo e suas vanguardas.
continua...
Tendo como ponto de partida a revista Orpheu comandada pelo poeta aqui estudado e seu amigo Mário de Sá Carneiro, o Modernismo difundiu-se, ampliando-se por meio de diversos recursos expressivos e inovadores.
Porém, Fernando Pessoa não designou-se apenas um escritor modernista, desmembrando-se também na vertente tradicional, que coexiste com as máximas imprimidas pelo modernismo, dentro do universo literário do autor de ideais monárquicos e conservadores. Um anticomunista social. Um comunista das Letras ao escrever em medida velha sua desventura saudosista, não obstante experimentar em outras obras ortônimas o caráter simbolista, a criação do Paulismo e o Interseccionismo. Um homem despersonalizado em sua poeticidade, que se camufla tão bem em seus heterônimos fingidos, quase os tornando reais, que ao lê-los pensamos ser verdade as palavras moldadas pelo sensorial. Uma resposta talvez habitada somente por debaixo dos véus de sentimentos ocultistas.
Camoniano, em sua epopéia cantante à bravura portuguesa, realça o passado de grandes glórias navegadas, alcançadas através de caravelas dominantes perante mares bravios de míticos monstros aquáticos. Por este viés, com muita angústia e infelicidade, no último canto do livro chamado "O Encoberto", o eu-lírico relembra o sebastianismo inacessível à nação portuguesa, que outrora tanto louvor ofereceu para o solo lusitano em meio à Grandes Navegações e conquistas grandiosas. Abre os olhos e raciocina. Coloca-se no presente desligado dos reis épicos, e tão logo, percebe a ruína que faz Portugal escorregar fluidamente, maculando o brasão intocável e veemente. Os inimigos agora são outros. Não mordem apenas pelo mar, mas também por todos os céus e ares. São mordidas internas que sangram a dignidade de um país.
Se o céu é mesmo espelhado no mar, como assim Deus fez, refugiaram-se para além dos perigos e abismos humanos, nos profundos extremos onde nenhuma experiência científica rastreia a pureza dos mundos desconhecidos, a fim de arrancar-lhes a unidade feita de alma. A unidade interseccionista que Pessoa tanto buscou, e com frustração não encontrou. Mas ele bem sabia que respostas vindas do inteligível não são permitidas ao raciocínio limitado e sensível.
Por: Fernanda Curcio.
Que reflexão linda. Incrível como coisas tão simples podem conter uma profundidade imensurável.
Concordo com a Nara. realmente é encantador. Sem falar que amo o mar e sua pronfudidade.
Ótima escolha, de texto e de imagem. Como sempre.
Abraço.
Isso explica minha paixão avassaladora pelo mar.
bjo Leo
=)
Que perfeeeeeeeeeito.. amei a postagem! *-*
Doce Leo,
Foram exatamente essas palavras que me trouxeram para o mundo da poesia,
Emocionei aqui,
Bjkas!
Léo,
existem pessoas que são céus em nossa vida.
Como é gostoso tê-las.
Saudades,
abraceijos!
Todo o conjunto é lindo por aqui, imagem e poema flutuando juntos neste mar banhado de céu.Nessas horas consigo encontrar, de olhos fechados, o divino que há em nós, bem lá no fundo dos nossos mares.
Pessoa, sempre esplêndido nas suas criações, e você meu querido, mais uma vez brilhante na criatividade da escolha.
Beijos!!
Do profundo ao inexplicável.
(Me fez relfetir...)
Muito bom,Leo!!
Beijoss!
Eu não sou de conhecer poesia, tenho uma relação mais íntima e menos plural com ela, mas em tudo que leio de Fernando, há uma semelhança: o peso.
Fernando era pesado, não? Tira o punho forte, sabia a palavra, sabia o tempo e o espaço. Fernando era lindo.
QUE LINDO, LÉO!
Quanta grandeza em poucas palavras!
Da "mordida" assustadora ao "sopro"
animador...
Abração
Jan
Lindo. Simplesmente.
Beijo.
Delicadeza e profundidade em F.P. Agrada-me muito. Bjs.
Oi Leo,
Quanta beleza e sabedoria nestes versos de Pessoa.
O paraíso e o abismo coexistem em um mesmo lugar, conhecer um ou o outro depende da nossa escolha.
Beijos!
E tudo continua fazendo todo o sentido...
Adoro Fernando Pessoa, bom pode conhecer um pouco mais sobre esse grande poeta...
Beijo grande!
Passando pra desejar uma feliz semana. Bjos achocolatados
Nossa que foto legal.
É o céu a unica beleza que espelhou nele.
Beeijo
E que mergulhemos..
Seguindo-te!
Tenho estudado por conta da faculdade, muito da poesia portuguesa e super me identifiquei rs
Mto lindo o seu texto! Volte sempre e grande abraço!
Oi Léo!
Ainda vou morar perto do mar. Belo texto e imagem. Se cuida guri. Beijos!
Leo querido, saudades,
não existe passar por aqui e não sair com o coração tocado e cheia de aprendizados.
Um beijo
Denise
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