Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

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Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro



Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito

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Arte: Salvador Dalí. A desintegração da memória, 1954.
Poema: David Mourão-Ferreira. Ladainha dos póstumos natais, 1986.

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

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Meu nome,
desenho a giz
no muro de tempo.



Choveu,
sumiu.

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Poema: Helena Kolody. Grafite, 1988.
Arte: Willem DeKooning. Mulher V, 1952.

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