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E doidamente me apodero
dos desvãos de mim,
meus desvarios me sufocam
de tanta beleza.
Eu sou antes,
eu sou quase,
eu sou nunca.
Clarice Lispector
Arte: Jorge Alio
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
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Quase sem querer nascí
Quase sem querer crescí
Quase sem querer
te conheci.
Gostei de tua risada fresca,
criança crescida
e tua maneira de olhar.
Foi dificil respirar,
comecei a tremer
e quase sem querer
te beijei.
Quase sem querer
me rio
Quase sem querer
sinto a tua falta.
Quase sem querer
me apaixonei
Deste urso carinhoso,
criança crescida
que sem querer também
me amou.
E me enche de carícias
sem a obrigação
de prometer-me
eterno amor.
Quase sem querer
se esquece.
Quase sem querer
se perde.
Quase sem querer
se vai o amor.
Por isso te estou querendo
quase sem querer.
Jurar-te eterno amor, não sei.
Talvez
algum dia
nos surpreenda a velhice
muito juntos,
quase sem querer.
Poema: Marilina Ross
Arte: Marc Chagall
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Quase sem querer nascí
Quase sem querer crescí
Quase sem querer
te conheci.
Gostei de tua risada fresca,
criança crescida
e tua maneira de olhar.
Foi dificil respirar,
comecei a tremer
e quase sem querer
te beijei.
Quase sem querer
me rio
Quase sem querer
sinto a tua falta.
Quase sem querer
me apaixonei
Deste urso carinhoso,
criança crescida
que sem querer também
me amou.
E me enche de carícias
sem a obrigação
de prometer-me
eterno amor.
Quase sem querer
se esquece.
Quase sem querer
se perde.
Quase sem querer
se vai o amor.
Por isso te estou querendo
quase sem querer.
Jurar-te eterno amor, não sei.
Talvez
algum dia
nos surpreenda a velhice
muito juntos,
quase sem querer.
Poema: Marilina Ross
Arte: Marc Chagall
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sexta-feira, 23 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
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Lutareis contra os apegos do homem aos bens materiais. Se
quiserdes fundar o homem no filho do homem, ensinai-lhe em
primeiro lugar a troca porque, fora da troca, nada mais há do
que endurecimento.
Ensinareis a meditação e a oração, porque tornam a alma mais
vasta. E o exercício do amor. Porque o que é que o haveria de
substituir? E o amor de nós próprios é o contrário do amor.
Castigareis em primeiro lugar a mentira e a delação, que
realmente podem servir ao homem e na aparência à cidade. Mas
só a fidelidade cria os fortes. Porque não há fidelidade num
campo e não num outro. Quem é fiel é sempre fiel. E está muito
longe de ser fiel aquele que é capaz de trair o companheiro de
trabalho. Eu tenho necessidade de uma cidade forte, e Deus me
livre de apoiar a força dela no apodrecimento dos homens.
Pregareis o gosto da perfeição, porque toda obra é uma marcha
para Deus e só na morte pode acabar.
Saint Exupéry, Cidadela.
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Lutareis contra os apegos do homem aos bens materiais. Se
quiserdes fundar o homem no filho do homem, ensinai-lhe em
primeiro lugar a troca porque, fora da troca, nada mais há do
que endurecimento.
Ensinareis a meditação e a oração, porque tornam a alma mais
vasta. E o exercício do amor. Porque o que é que o haveria de
substituir? E o amor de nós próprios é o contrário do amor.
Castigareis em primeiro lugar a mentira e a delação, que
realmente podem servir ao homem e na aparência à cidade. Mas
só a fidelidade cria os fortes. Porque não há fidelidade num
campo e não num outro. Quem é fiel é sempre fiel. E está muito
longe de ser fiel aquele que é capaz de trair o companheiro de
trabalho. Eu tenho necessidade de uma cidade forte, e Deus me
livre de apoiar a força dela no apodrecimento dos homens.
Pregareis o gosto da perfeição, porque toda obra é uma marcha
para Deus e só na morte pode acabar.
Saint Exupéry, Cidadela.
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sexta-feira, 16 de julho de 2010
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Quando eu penso que você se foi,
Negra sombra que me asombra.
óh pé dos meus cabelos,
Voltas fazendo-me chacota.
Quando eu imagino que você se foi,
no mesmo sol que te mostra a mim,
E és a estrela que brilha,
E és o vento que zumbe.
Se cantam, és tu que canta,
Se choram, és tu que chora,
e és o murmúrio do rio
e és a noite e a auróra.
Em tudo estás e tudo és,
para mim e minhas amoras,
não me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombra.
Poema: Rosália de Castro
Imagem retirada do Google
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quarta-feira, 14 de julho de 2010
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Mar adentro, mar adentro
e nesse fundo onde não há mais peso,
onde se realizam os sonhos,
se juntam as vontades
para cumprir um desejo.
Um beijo acende a vida
com um relâmpago e um trovão,
e em uma metamorfose
meu corpo já não é mais meu corpo
é como penetrar o centro do universo
O abraço mais pueril
e o mais puro dos beijos,
até vermo-nos reduzidos
a um único desejo:
Seu olhar e meu olhar
como um eco se repetindo, sem palavras:
mais adentro, mais adentro,
até mais além de todo o resto
pelo sangue e pelos ossos
Mas me desperto sempre
e sempre quero estar morto
para seguir com minha boca
enredada em teus cabelos
Ramón Sampedro
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domingo, 11 de julho de 2010
sexta-feira, 9 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
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A luz aflora onde nenhum sol brilha;
Onde nenhum mar se move, as águas do coração
Impelem suas marés; (...)
A aurora emerge atrás dos olhos;
Dos pólos do crânio e dos dedos dos pés, o sangue tempestuoso
Desliza como as ondas do mar;
Sem arrimo ou amurrada, os poços do céu
Jorram até as bordas,
Prenunciando num sorriso o óleo das lágrimas.
A luz aflora em lugares recônditos,
Nos píncaros do pensamento onde seu aroma flutua sob a chuva;
Quando a lógica se extingue,
O segredo da terra germina através dos olhos,
E o sangue salta sobre o sol;
A aurora se detém sobre os campos desolados.
Dylan Thomas
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A luz aflora onde nenhum sol brilha;
Onde nenhum mar se move, as águas do coração
Impelem suas marés; (...)
A aurora emerge atrás dos olhos;
Dos pólos do crânio e dos dedos dos pés, o sangue tempestuoso
Desliza como as ondas do mar;
Sem arrimo ou amurrada, os poços do céu
Jorram até as bordas,
Prenunciando num sorriso o óleo das lágrimas.
A luz aflora em lugares recônditos,
Nos píncaros do pensamento onde seu aroma flutua sob a chuva;
Quando a lógica se extingue,
O segredo da terra germina através dos olhos,
E o sangue salta sobre o sol;
A aurora se detém sobre os campos desolados.
Dylan Thomas
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domingo, 4 de julho de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
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E há momentos nos quais você se sente muito sábia, superando a
idade. Toma sol nas pedras, a água bate nos seus pés quando
subitamente uma menina bochechuda sardenta com uns dez anos
se aproxima, levando na mão algo invisível, mas evidentemente
precioso.
"Você sabe", ela perguntou sem rodeios, "se a estrela-do-mar prefere
água quente ou fria?"
Diário de Sylvia Plath
Fotografia: Rita Carmo Martins
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E há momentos nos quais você se sente muito sábia, superando a
idade. Toma sol nas pedras, a água bate nos seus pés quando
subitamente uma menina bochechuda sardenta com uns dez anos
se aproxima, levando na mão algo invisível, mas evidentemente
precioso.
"Você sabe", ela perguntou sem rodeios, "se a estrela-do-mar prefere
água quente ou fria?"
Diário de Sylvia Plath
Fotografia: Rita Carmo Martins
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