Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera.
Tão clara como a fonte e como o dia.


Mas que eu não era EU não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim...e não me via!

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Poema: Florbela Espanca. Eu.
Arte: Norman Rockwell, Girl at her Mirror, 1954.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

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Entre os mortos, num bombardeio ao amanhecer,
Havia um homem de cem anos.

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Texto: Dylan Thomas.
Fotografia: Ângelo Maciel.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

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A mão que assinou o papel derrubou uma cidade;
Cinco dedos soberanos tributaram a respiração,
Duplicaram a esfera dos mortos e reduziram um país à metade;
Esses cinco reis levaram um rei à morte.

A poderosa mão chega a um ombro arqueado,
As juntas dos dedos foram imobilizadas pelo gesso;
Uma pena de ganso pôs um fim ao crime
Que deu fim à troca de palavras.



A mão que assinou o tratado fez brotar a febre,
E cresceu a fome, e vieram os gafanhotos;
Grande é a mão que mantém o seu domínio
Sobre o homem por ter ele escrito um nome.

Os cinco reis contam os mortos, mas não aplacam
A ferida cicatrizada nem acariciam a fronte;
Há mãos que regem a piedade como outras o céu;
As mãos não têm lágrimas para derramar.

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Poema: Dylan Thomas, The hand that signed the paper.
Arte: John Rogers, Council of war.

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