Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


sábado, 31 de janeiro de 2009








Ser como uma árvore na paisagem,
Existir, existir sem sofrimento.
Buscar na placidez o alimento,
Tornar menos pesada a minha imagem.
Estar, mas num estar que é viagem.
Iluminar o sol, esporear o vento,
deixar adormecer o pensamento,
Não haver marcas da minha passagem.
Esboroar-me na terra humilde e fria
Sem o suor negro da melancolia
A orlar-me a testa, a inundar-me os nervos.
Poeta que não sou, vida que não tive
Permiti que o sono que em mim vive
Se torne o mais humilde dos meus servos.
Jorge Viegas
Imagem retirada do Google.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Antes da chuva, depois do sol.



Havia um tempo,
Em que chovia fora e dentro.

Hoje chove lá fora,
Aqui dentro o sol brilha forte,
E, mesmo que nuvens o encubram...
Ele permanece lá.

Brilhando,

Cantando,

Sorrindo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


De alguma forma, eu sei demais; e desse conhecimento,
depois que se foi contaminado, parece não haver recuperação.
Coetze, À espera dos Bárbaros.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Há um vencedor e um vencido. O vencedor, às vezes,
veste-se de um sorriso malicioso para humilhar o vencido,
porque os homens são assim.

Saint Exupéry, Cidadela.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Porque, tal como acontece com a árvore, não podes saber seja o que for do homem se o desdobras pela sua duração e o distribuis pelas suas diferenças. A árvore não é semente, depois caule, depois tronco flexível, depois madeira morta. Para a conhecer, é bom não a dividir. A árvore é essa força que desposa a pouco e pouco o céu. É o que acontece contigo, meu rapaz. Deus faz-te nascer, faz-te crescer, enche-te sucessivamente de desejos, de pesares, de alegrias e de sofrimentos, de cóleras e de perdões, até que te faz ingressar de novo n’Ele. E, no entanto, tu nem és aquele estudante, nem aquele esposo, nem aquela criança, nem aquele velho. Tu és aquele que se cumpre. E, se sabes ver em ti um ramo que balança, bem pegado à oliveira, nos teus movimentos hás de gozar da eternidade. E tudo à tua volta se tornará eterno. Eterna a fonte que canta e soube matar a sede de teus pais, eterna a luz dos olhos quando a bem-amada te sorrir, eterno o frescor das noites. O tempo deixa de ser uma ampulheta que vai gastando a areia, e faz lembrar um ceifeiro que ata a sua gavela.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quando pensamos no futuro

Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva.

Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além. O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais.

Montaigne


Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
Saint Exupéry," O Pequeno Princípe."