Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


domingo, 12 de agosto de 2012

Primeiro, você tem nosso perfil?
Você usa olho de vidro, dentes postiços ou muleta, 
atadura ou gancho,
Peitos ou sexo de borracha,

Suturas mostrando faltar alguma coisa?
Não, não? Então
Como podemos lhe dar alguma coisa?
Pare de chorar.
Abra a sua mão.
Vazia? Vazia. Tome essa mão

A fim de enchê-la e disposta

A servir xícaras de chá e espantar enxaquecas
E fazer o que você mandar.
Casa com isso?
Tem garantia.

De que fechará seus olhinhos no final

E se dissolverá de aflição.
Fazemos novo estoque de sal.
Vejo que você está nu em pêlo.
Que tal este terno -

Preto e formal, até que não cai mal.

Casa com isso?
É à prova d'água, de estilhaço, à prova
De fogo e bombas no telhado.
Acredite, vão enterrá-lo com isso.


.

















Agora a sua cabeça, desculpe, é bem vazia.
Tenho o remédio para isso.
Vem cá, benzinho, saia já do armário.
Bem, o que você acha disso?
Branca como papel pode ser escrito

Mas em vinte e cinco anos será prata,

Em cinquenta, ouro.
Uma boneca de carne, onde quer que você olhe.
Sabe costurar, sabe cozinhar,
Sabe falar, falar, falar.

Funciona direito, não tem nenhum defeito.

Você tem um buraco, é uma compressa.
Você tem um olho, é uma imagem.
Meu garoto, é sua última chance.
Casa com isso, casa, casa com isso.

.


Poema: Sylvia Plath, O candidato.

Arte: René Magritte, Homenagem à Mack Sennett, 1934.

.