Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

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Poema: Cecília Meireles. Retrato.
Arte: Vincent VanGogh. Rosto de camponesa com touca de renda esverdeada, 1885.

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

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Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.


Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

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Poema: Manuel Bandeira. A estrela.
Arte: Andrew Wyeth. Mulher na porta.

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