Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

.

Meu nome,
desenho a giz
no muro de tempo.



Choveu,
sumiu.

.

Poema: Helena Kolody. Grafite, 1988.
Arte: Willem DeKooning. Mulher V, 1952.

.

26 comentários:

Leo disse...

O poema denominado "Grafite" é de autoria da pouco conhecida mas, de literariedade inquieta, Helena Kolody. A poetisa em questão foi a primeira a instaurar no Brasil o estilo japonês literário, exemplificado pelo poema acima, constituindo uma modernidade sucinta através do fazer poético no Haicai, que consiste num poema sempre escrito com três versos, porém numa totalidade de pensamentos abreviados, possuindo a dimensão de dizer muito usando uma linguagem enxuta.
Escritora paranaense venerada em seu estado, infelizmente ainda não tem renome nacional, apesar de participativa para com a literatura e ao magistério, profissão que exerceu por toda a vida. Foi dito no início que as palavras de Helena são inquietas, transbordantes; não é só devido a intensa e ininterrupta vivacidade em ser poeta, escrevendo vários livros, mas também como característica significativa para que possamos entender o eu-lírico kolodyano e todas as suas sensações. O eu interior busca constantemente respostas para os seus questionamentos, procurando o sentido da própria existência física atrelada a múltipla consciência a qual interroga juntamente com o leitor suas dúvidas filosóficas sobre o mundo externo e interno. Em sua obra, fica transparente o cultuamento feito àquilo que é eterno, transcendental, o que faz o eu-poético de uma forma atribulada e sofrida, querer unificar em um único elemento o efêmero e inconstante ao imutável e espiritual. Logo, torna-se um ser dualista, dividido entre o plano terrestre e o celeste. Várias outras temáticas permeiam o trajeto íngreme desse eu-lírico pensante e amante onírico, como a brevidade da vida vista como caminho árduo e solitário, pois o movimento cosmológico faz da vivência algo limitado e finito, tendo apenas ao alcance das mãos o presente para recordar a saudade como intermediário dos dois ciclos humanos - vida e morte -, que para Helena como já foi esclarecido, o último signo tem interpretação de continuidade e quietude da alma arfante. Então, inconforme com a passagem do tempo sempre fugaz, agrega para si mesma a expressão "Carpe Diem", ou seja, a necessidade de viver ao máximo o presente, ter a presença da substância que amanhã será ausência.E nessa andança contraditória, devagar em comparação com o tempo, as antíteses tentam inutilmente possuir forma e se encontrar num rumo intransponível, sendo esse, um dos motivos da temática da solidão, visível nos poemas de Helena. A poetisa também tem em seus poemas uma intimista ligação com a natureza, conjugando-a sempre em seus versos, simbolizando a simplicidade e a espontaneidade daquilo que é sensível e passível de modificações e recomeços, e desse modo, ensinando ao homem o caráter transitório e provisório da vida.
O parágrafo acima é apenas um pequeno resumo da majestosa escrita Kolodyana, uma partícula no imenso oceano delineado na vastidão das linhas do coração transladados para as páginas do livro. Ao contrário de muitos poetas famosos que seguiram padrões literários, Helena era modernista por época, mas com a própria identidade, trilhando através da linguagem metafórica a naturalidade poética, porém admitindo a palavra "modernidade" dentro do seu conceito e contexto. No poema citado aqui podemos interligar inúmeras idealizações do seu legado enumeradas, clarificando a ideia do ser escorregadio, do nome desenhado a giz desfeito e desmanchado pela chuva. O elemento da natureza indica o movimento, a ruptura com o estar, com o ser, já que a chuva é natural e cíclica, reiniciando sempre com um início e um fim. Da mesma forma a existência humana, extinguindo e deslizando no muro de tempo, sem as formas inteiriças, misturadas nas gotas caídas do céu, sendo somente pó aguado que some na imensidão explosiva da finitude. Breve e impaciente até nos poemas encurtados, como os Haicais, ela se foi dançando melodiosa na chuva para o seu recanto preferido, mas sem saber que conseguiu fotografar através de sua arte poética, o encontro das rimas valsantes com o tempo inconstante.

Por: Fernanda Curcio.

Mila Ferreira disse...

E o tempo, às vezes, deixa marcas, mas também é capaz de apagá-las...

Adorei Leo, mil beijos!

Nara Sales disse...

Bela arte (imagem e palavras).

Carina Rocha disse...

Fantástico.
Bela publicação, tanto na parte escrita como na parte da imagem, belo quadro!

Um bjnho

Karlinha Ferreira disse...

Perfeito...

O tempo leva tudo, o que a gente quer e o que não quer...

Beijo grande Léozinho...

Ale disse...

Leozito,


Que verso!

Por vezes, é assim mesmo: marcas em paredes o tempo apaga,
Marcas que deixamos no coração, serão eternas... Podem até adormecer, mas dia desses, uma música, um cheiro, uma palavra, despertam o que está quietinho,


Bjkas

disse...

adorei... finissimo.
beijos

JAN disse...

LEO, PASSEI AQUI SÓ PRA DIZER 'OI!'

BEIJÃO
JAN

Déborah Arruda. disse...

Adorei isso! Tão singelo, verdadeiro e parecido comigo! haha
Bela escolha, e parabéns também pela descrição acima, Leo.

Marcelo R. Rezende disse...

Seu blog é uma criatividade e muito elegante. Me sinto chique entrando por aqui.

Achei sutil o poema, mas necessário. Nem tudo fica, eu acho, pois que nem tudo é gravado da forma correta. Eu acho que as marcas que nós deixamos na vida das pessoas e as marcas que nós deixamos que façam em nossos corpos, é um trem muito inerente às nossas vontades e o que queremos com elas. Por vezes, nos julgamos burros e equivocados, mas eu acredito muito na inteligência do impulso.

Liza Leal disse...

Verdade.
Na vida tudo é tão rápido, tão passageiro...
Somos passageiros aprendizes.

bjo de luz, Leo!
=)

Natália Rocha disse...

Enquanto houver tempo, eu reescrevo na próxima manhã.

Belíssimo, Leo!

um beeijo*

~~Gab disse...

Leo, sempre me fazendo pensar, refletir... Gostei, acho que a gente é marca que o tempo leva, que a água apaga. Gosto de pessoas assim, ricas em cultura.
Beijos Leo!

Maíra Souza disse...

Então escreve com outra coisa! ;)
Ótimo fim de semana! BjO

Lara Mello disse...

É como as coisas da vida que passa.. Se foi =/

nilson disse...

"Desenho toda calçada,
Acaba o giz tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou..."
Lembrou Giz, do Legião.

Tudo é efêmero neste tempos sem medida, sem rastro.
Ainda que teimemos pela eternidade.

Milene Lima disse...

Respira-se poesia por todos os poros nesse teu canto bonito.

Eu até roubei um poema e colei no meu Face... Com licença.

Invadi e adorei estar aqui.
Beijo, Leo.

Aleatoriamente disse...

Leo, meu lindo e querido amigo.
É muito bom saber que encontrei você, no meu caminho de alguma forma.
Você é muito precioso, vejo isso nos textos aqui expostos.
Meu querido é um a honra ser tua amiga, é privilégio que eu sempre quero ter.
Te desejo um feliz Natal, que ele venha cheio de coisas belas para ti.

Com carinho e amizade.
Fernanda

Luna Sanchez disse...

A cada chuva uma chance de reinvenção.

Isso aquieta a alma, néam, Leo?

Um beijo.

Daniela disse...

é assim com a vida ,
algumas coisas simplesmente somem , se vão .Algumas nem se quer deixam rastros ...

Beijos :)

Anônimo disse...

Tudo é fugaz, até o ser.

Leo querido

você foi uma das boas descobertas de 2011, gosto desse seu jeitinho discreto, poético, sensível.Gosto muito de você.Obrigada por tudo. Pela presença, pelo carinho.
Que o próximo ano te traga realizações e muitos outros sonhos para por no lugar delas, saúde e alegrias.

Beijos

Unknown disse...

CHOVEU, SUMIU O NOME DESENHADO A GIZ NO MURO DO TEMPO, POREM NÃO SUMIU DA HISTÓRIA..pois em pensamentos e contos sempre estará lá!

xerOOOOOOOOO

Denise Portes disse...

Leo querido,
Muito linda essas palavras, nós sabemos que a única marca que fica são as que carregamos no coração, pois lá moram os nossos tesouros.
Feliz Natal.
Um beijo
Denise

Aleatoriamente disse...

Leo amado,
esta mensagem: estou mandando repetida, para todos os meus amigos queridos, que moram no meu carinho e coração.

Ele o Natal está às portas, e com ele a chegada de mais um ano que se inicia.
Tempo de meditar, sobre o real significado desta data.
Sobre como nos portamos, ou no que podemos melhorar.
E desta Forma seguimos sempre buscando a aprender mais e mais.
O Natal é uma comemoração de amor e paz.
Então embora se personalize o natal da maneira que se queira entender.
O principal sentido do Natal é Cristo.

******************************************
Desejo a você e seus familiares, esse Natal que eu acredito.
Obrigada por sua presença em minha vida, sua amizade, foi um presente de Deus a mim.
Feliz Natal!
**********************************************************************
(Fernanda)

Lívia Azzi disse...

Ah, a chuva!

chuá, chuá...

chuva aqui
chuva lá

chove em meus pensamentos.

Beijo, Leo querido!

Nátali Mikaela disse...

Chuvas benditas que nos salva das dores mundanas!