Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Ainda bem que não te basta olhar para ver.



Eu dizia de mim para mim:
- Nem aqueles que, através das coisas, sabem tocar o nó divino que as liga umas às outras dispõem permanentemente desse poder. A alma está cheia de sono. A alma não exercitada o está ainda mais. Como esperar que eles sejam tocados pela revelação como que por um raio? Só deparam com o raio aqueles que nele encontram a solução. Porque esperavam esse rosto, tão construídos estavam para serem abrasados por ele. O mesmo se passa com aquele que, mediante o exercício da oração, eu tornei disponível para o amor. Fundei-o tão bem, tão bem, que certos sorrisos serão para eles como gládios. Mas outros, em compensação, não passam de joguete do desejo.
Sei agora que amar é reconhecer e conhecer o rosto lido através das coisas. O amor não passa de conhecimento dos deuses.
Uma verdadeira janela se te rasga naquele preciso instante em que te é dado apreender na sua unidade a propriedade, a escultura, o poema, o império, a mulher ou Deus, através da piedade dos homens. Mas é a morte do teu amor no momento em que não vês nessas realidades mais do que conjuntos. E, no entando, não mudou aquilo que te é dado pela via dos sentidos.
Urge, por isso, converter aqueles que vêm ter comigo olhando sem ver. Só nessa altura se iluminarão e se tornarão vastos. E só então ficarão nus.

Texto: Saint Exupéry
Arte: Marc Chagall

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7 comentários:

Unknown disse...

-Tudo é muito sincero por aki...seguirei imediatamente...rs

♪ Sil disse...

Saint Exupéry, nem tem o que comentar.

Beijoooooooo leo.

Meu pequeno - grande - principe!!

Suzi Montenegro disse...

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Só quem tem sensibilidade poderá ver com os olhos do coração, que não necessita apenas do ver, mas do sentir.

"E, no entando, não mudou aquilo que te é dado pela via dos sentidos."

Pois que o sentir, é o que de mais forte vibra em nós.

Sinto tua doçura, Leozinho.

Deixo carinho.

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Lívia Azzi disse...

Leo,

Achei o fragmento de Saint Exupéry bastante instigante e confesso que li mais de uma vez.

Como enxergar o amor em dias tão distantes do toque sagrado dos deuses? Aonde foi parar aquela magia inútil, completamente desnecessária e doce que nos fazia pisar nas nuvens?

Se antes buscávamos a felicidade, agora pleiteamos apenas a verdade. Já não sabemos "tocar esse nó divino". Amamos o desejo de receber o que já não sabemos sentir e nem oferecer ao outro. Estamos por assim dizer vestidos por uma covardia extremamente utilitarista. Corrompemos todos os nossos sentidos...

Um beijo!

LIANA PAULUKA disse...

Que nunca te olhe sem ver, que possa exercitar minha alma junto da tua mesmo cheia de sono.

Beijos Amigos

Alice disse...

Os textos do Exupéry sao eternos, puro coraçao, expressa sentimentos tao nobres... ele realmente e' encantador.

E quanto a Rita... e' muita doçura, pena nao estar mais no orkut. Mas entendo o que ela passou.

Monte de beijos.

MariC disse...

AMEEEEEEEEEEEEEEEI:
"Sei agora que amar é reconhecer e conhecer o rosto lido através das coisas. O amor não passa de conhecimento dos deuses."

*-*
Saudade de tu :(