Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


terça-feira, 8 de março de 2011

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Sou apenas uma gota a mais no imenso mar de matéria, definida, com a capacidade de perceber minha existência. Entre os milhões, ao nascer eu também era tudo, potencialmente. Eu também fui cerceada, bloqueada, deformada por meu ambiente, pela manifestação da hereditariedade. Eu também arranjarei um conjunto de crenças, de padrões pelos quais viverei, e no entanto a própria satisfação de encontrá-los será manchada pelo fato de que terei atingido o ápice em matéria de vida superficial, bidimensional – um conjunto de valores.

Meus Deus, a vida é solidão, apesar de todos os opiáceos, apesar do falso brilho das “festas” alegres sem propósito algum, apesar dos falsos semblantes sorridentes que todos ostentamos. E quando você finalmente encontra uma pessoa com quem sente poder abrir a alma, para chocada com as palavras pronunciadas – são tão ásperas, tão feias, tão desprovidas de significado e tão débeis, por terem ficado presas no pequeno quarto escuro dentro da gente durante tanto tempo. Sim, há alegria, realização e companheirismo – mas a solidão da alma, em sua autoconsciência medonha, é horrível e predominante.

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Texto e retrato de Sylvia Plath.

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21 comentários:

Leo disse...

Sylvia Plath, no dia internacional da mulher.

Suzana Guimarães disse...

Querido,

Hum... adoro quando você aparece, eu já estava de saída, mas parei um pouco por ti, e desta vez, deixarei um texto meu:

"escuta o silêncio, escuta... ele está lá fora, à espera de mim, ele já grita na angústia de não ser ouvido, no deserto vermelho de beirute. É novamente noite. É novamente deserto. A moça cantarolava, sentada na mesa do bar, sozinha, uma música estranha, que falava de silêncio. O garçom serviu vinho tinto. Do outro lado do mundo, acendiam-se velas. Do outro lado do mundo, caminhava uma procissão. Muitos passos foram dados até chegar. Mas, não. Apesar do beco de nome silente, apesar da noite calada, gritamos tanto, até arder igual a areia fina, o fino vinho tinto, gritamos até a rouquidão, a frouxidão.

escuta, escuta, para escutar é preciso silenciar. Você sequer sabia para onde caminhava, eu sequer sabia para onde ia. O silêncio guiaria. Restou apenas a palavra morta, despencada, caída frouxa de nossas bocas. Era só preciso quietar. Era só preciso cantar baixinho no deserto, bem baixinho, só o tanto certo para ti, o tanto para mim.

hoje, estou aqui, noutro escuro, impotente, e ouço ruídos doídos. Não sei mais me calar. Não sei mais falar, nem sei silenciar."

(Suzana Guimarães)

Beijos, abraço apertado.

Suzana/LILY

Suzana Guimarães disse...

Deixei o meu texto por causa deste trecho:

'...para chocada com as palavras pronunciadas – são tão ásperas, tão feias, tão desprovidas de significado e tão débeis, por terem ficado presas no pequeno quarto escuro dentro da gente durante tanto tempo."

Beijos!

lolipop disse...

"E foi então que compreendi que éramos de facto excelentes companheiros de viagem, mas que no fundo não passávamos de dois solitários pedaços de metal, traçando cada um a sua órbita. Ao longe parecem belos como estrelas cadentes, mas, na realidade, cada um de nós navega sózinho sem destino certo, prisioneiro na sua própria cápsula. (...)
Tenho que estar com M, penetrar no mais profundo dele, e ele tem de penetrar no mais profundo de mim. como duas serpentes vorazes, cintilantes.
e que farei se M não me aceitar?

Alguma vez viram alguém levar um tiro e não ficar cheio de sangue?"

Haruki Murakami

Desculpa, mas foi o que me apeteceu escrever em resposta ou prolongamento do texto de SP...

Beijos Leo

Tangerina disse...

mulher e ponto.

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eu sou mulher. e ponto.
e ponto não, e reticências...

...


um beijo Leo. mil beijos.
abreijos.

Mariane disse...

E assim seguimos, não como ponto, mas como uma virgula,,,, prontas para o proximo ato

Néia Lambert disse...

Leo, que belo texto da Sylvia Plath.

Um abraço

Flor de Lótus disse...

Oi,Leo!Td bem?Nesse findi estive em porto alegre e lembrei de ti ao entrar na tok & stok vi umas louças do pequeno príncipe lindas d+.
Somos humanos e solitários pela nossa natureza, viemos ao mundo sozinhos e dele tbm partiremos sós,mas é bom viver momentos com os outros, precisamos deles para crescermos e aprendermos sobre a vida e sobre nós.
Beijos

Winny Trindade disse...

Sou apenas uma gota...

Abraço meu, Moço dos Segredos.

Winny Trindade disse...

Ah, quem me dera que eu fosse mesmo o mar!!!

*Mi§§ §impatia* disse...

Hummmmm arrasou na homenagem para o dia das mulheres heim?
Vc sumiu, tava na folia é?
Saudade, beijos.

Aleatoriamente disse...

Leo, tão boa tua visita e sabia que eu esperava? Gosto da tua chegada.
És um querido meu.
Obrigada pelas palavras, gosto delas vindo de ti.
Some não viu?
Bem interessante esse texto.

Um beijo.
Fernanda

Anônimo disse...

Olá Leo,
Como foi o carnaval maninho?
Que texto espetacular, denso e irremediavelmente verdadeiro, gosto das escolhas que fazes para nos presentear sempre com boa leitura.
Por isso duas almas não se encontram por acaso né, rtsrsrs, plagiando o Exupery.

Kiss my brother.

Rosamaria disse...

Oi Léo!

E que a felicidade puxe uma cadeira e sente-se ao nosso lado para todo o sempre!

Excelente texto, pra nós mulheres.

Beijos meus

Suzana Guimarães disse...

Leo,

E eu adorei o teu complemento à minha postagem! Coisa mais linda você postou para mim...

Obrigada! Obrigada! Ah, e você apareceu no CONTOS DE LILY... agora é que dei por mim... escrevo mais lá do que no O MEDO.

Venha sempre, traga esta sensação boa de cuidado, aroma de ventos suaves no rosto.

Beijos,

Suzana/LILY

Anônimo disse...

Oi Leo!
Tô meio sumida, mas vim aqui conferir tuas postagens!
bjs!

Marcelo R. Rezende disse...

Li pouca coisa de Sylvia, mas ela tem a capacidade de abrir o pensamento, sabe? Parece que a lendo, a gente vem sentindo alguém nos abrindo a cabeça e a luz entra.
É lindo.

Um beijo, querido.

Lívia Azzi disse...

A solidão da alma
é vento e brisa
abismo e escuridão
não há saída e nem
luz para iluminar

E há de se ter coragem
Para mergulhar nesse infinito

Beijos e afetos, querido Leo!

Naia Mello disse...

Solidão é bom para pensar sobre a gente mesmo, mas tudo que é em demasia faz mau.

Gabii Assis disse...

Tão forte e tão verdadeiro... mas ainda assim, sendo intimamente -e solitariamente- tão ásperos, somos também particularidades interessantes... grande bjoO Leo... ;*

Denise Portes disse...

Leo,
Muito lindo esse texto.
Um beijo
Denise